Você sabia que mesmo usando dispositivo de segurança no trabalho em altura você ainda corre risco de vida? Usar o EPI adequado para o trabalho em altura é proteger sua integridade física. O cinto, por exemplo, retém a queda e te deixa suspenso, sem cair no chão. Mas ao ficar suspenso seu corpo começa a entrar em um processo de Síndrome de Suspensão Inerte (SSI). Você sabe o que é suspensão inerte?
Acompanhe o artigo até o fim e aprenda a identificar os sintomas e características.
O que é síndrome da suspensão inerte?
O Sistema de Proteção Individual Contra Queda é a última medida de controle para o trabalho em altura. O cinto de segurança tipo paraquedista, a ancoragem, e o elemento de ligação, dão ao trabalhador a segurança de, em caso de queda, não fique estirado no chão. Isso porque o cinto retém a queda no momento que ela acontece.
Suspenso no ar, o trabalhador não consegue se movimentar. Além disso, a pressão das fitas do Cinto contra o corpo do trabalhador interfere seriamente no sistema circulatório. Em poucos minutos ele pode vir a óbito.
Desde a década de 70 essa síndrome vem sendo avaliada por médicos e pesquisadores. O caso veio à discussão a partir de um relatório austríaco sobre a morte de 10 alpinistas, que ficaram suspensos entre 30 minutos e 8 horas por uma corda.
Mais tarde, outros estudos apontaram que os membros inferiores são responsáveis por 20% do volume circulatório. Em uma suspensão inerte, o volume de sangue que deveria circular fica retido. Esse quadro pode levar a pessoa rapidamente a inconsciência.
Além disso, o estrangulamento que as fitas causam pode provocar inchaço e liberar toxinas que levam à trombose venosa, insuficiência renal e embolia pulmonar. Isso acontece porque o sistema circulatório entra em colapso.
Quais os sintomas da síndrome
- Palpitações
- Tontura
- Dor de cabeça
- Náusea
- Perda de visão
- Suor
- Dormência nas pernas
- Hipotermia
- Desmaio
A progressão dos sintomas pode levar o trabalhador a morte entre 5 a 8 minutos. Mas cada organismo responde de uma forma diferente. A partir dos 5 minutos de suspensão os primeiros sintomas começam a aparecer. As condições físicas do trabalhador também podem interferir no tempo e nos danos da síndrome.
Infelizmente, ainda não temos EPIs que impeçam que a síndrome aconteça.
A importância dos primeiros socorros no resgate a vítima suspensa
Todo trabalho em altura deve ser regulamentado pela norma regulamentadora NR35. 40% dos acidentes de trabalho no Brasil tem relação com queda. Estar exposto a um risco tão sério exige um planejamento sistemático. Foi pensando nisso que o Ministério do Trabalho aprovou a NR35 em março de 2012.
A norma define o trabalho em altura como todo trabalho feito acima de dois metros da base, e que tenha risco de queda. O objetivo é estabelecer as condições mínimas para que o trabalho em altura seja feito com segurança. Para isso, a norma orienta um planejamento antes de começar qualquer atividade.
A análise de risco é a ferramenta que a norma estabelece para identificar os possíveis riscos e organizar as medidas de prevenção e correção. Dentro dessas medidas, organizar um procedimento para resposta à emergência é a solução para reduzir o tempo de suspensão inerte. Dessa forma, o trabalhador não fica tanto tempo exposto aos sintomas da síndrome.
Mas ter agilidade e rapidez no socorro não depende apenas de força de vontade. Todo procedimento em resposta às emergências do trabalho em altura deve ser feito com treinamento e capacitação.
A norma determina que o conteúdo programático do treinamento NR35 tenha um tópico para os procedimentos em situações de emergência, resgate e primeiros socorros.
O treinamento deve durar, no mínimo, 8 horas, sob a supervisão técnica de um profissional habilitado em segurança do trabalho. No curso também o colaborador conhece as exigências legais, medidas de prevenção e correção de riscos, e o uso dos Equipamentos de Proteção Individual.
Como resgatar uma vítima da síndrome de suspensão inerte?
Os primeiros 10 minutos são cruciais para a sobrevivência da vítima de suspensão inerte. Se o auto resgate não for possível, o primeiro passo é acionar a equipe de resgate.
A NR 35 determina que toda empresa que tenha atividades em altura deve ter uma equipe preparada para o resgate rápido. Além de assegurar os recursos necessários para que a equipe faça o resgate.
Quais os principais procedimentos de resgate?
- Desfaça as tiras do cinto
- Massageie as pernas para bombear o sangue e diminuir a retenção venosa
- Posicione a vítima deitada de barriga para cima
- Em caso de lesão, use a prancha de resgate ou colar cervical
- Caso a vítima esteja inconsciente, faça uma abertura nas vias respiratórias
- Verifique os sinais vitais
Todos esses procedimentos devem fazer parte do Programa de Gerenciamento de Riscos; um conjunto de instruções técnicas com o objetivo de avaliar os riscos do ambiente de trabalho e tomar medidas de prevenção. Planejar as ações é o caminho para um trabalho seguro.